Ao pensar nos problemas do dia a dia, parte das pessoas tem
uma certeza: o dinheiro é a solução. Tanto na vida pessoal quanto no mundo dos
negócios esta máxima é dominante. A grande surpresa é que, por mais sedutora
que seja esta ideia, a afirmação está errada. Como consultor, participei direta
e indiretamente da execução de centenas de projetos – empresariais e de fim
econômico. E, como economista, posso afirmar que o dinheiro é parte da solução
- a mais fácil quando se tem uma boa aplicação. Vivemos em um momento único na
história econômica brasileira. Temos uma das mais baixas taxas de juros – tanto
a SELIC, que é de 7,5% ao ano, quanto as taxas cobradas dos consumidores diminuíram
acentuadamente, lideradas pelos bancos estatais, como Caixa Econômica Federal
(CEF), Banco do Brasil (BB) e BNDES.
A CEF e o BB diversificaram sua atuação. O BB entrou no
crédito imobiliário, nicho tradicionalmente liderado pela CEF, e a CEF implementou
o crédito rural, tradicionalmente liderado pelo BB. Já o BNDES, responsável por
mais de 90% do recurso de investimento realizados pelas empresas, criou uma
taxa de juros reais negativa neste segundo semestre para compras de
equipamentos. Trata-se do programa chamado PSI que possibilita a compra de
equipamento nacional a uma taxa de juros fixa de 2,5% ao ano. Quando em
economia trazemos o conceito de taxa de juros real, descontamos a inflação
prevista do ano – para 2012, o mercado aposta em aproximadamente 5%.
Descontando a inflação, temos uma taxa de juros real negativa de - 2,5% ao ano.
Ou seja, juros de país de primeiro mundo. Esta taxa, infelizmente, é somente
para o investimento de novos equipamentos. O consumo tem taxas mais altas. Mas,
se compararmos às taxas do CDC e crédito imobiliário, nos últimos meses temos
taxas muito baixas em todos os produtos.
Se vivemos em um momento de crédito barato, saber utilizá-lo
é o grande X da questão. Mesmo com taxas de juros maiores, que no passado chegaram
a ser de 40% ao ano, temos empresas que sobreviveram a estes absurdos e estão
conosco até hoje. Portanto, o problema nunca foi só dinheiro.
Sou apaixonado pelo mundo dos negócios. Como economista,
simplifico o mundo em três agentes no mercado: Governo, família e empresas. Para
quem acha economia um assunto complicado, destacarei uma simples teoria que,
para mim, determina e move minha crença: a empresa é o grande agente
transformador da vida das pessoas. Acredito e vivencio isso como consultor e
empresário. O Governo é o agente responsável por projetos condutores do desenvolvimento:
legisla e cria um ambiente propício para a proliferação do mundo dos negócios,
concentra o maior volume individual de dinheiro por meio dos impostos e taxas
para empresas e famílias. As famílias têm uma função de oferta (mão de obra) e
demanda (consumo de produtos e serviços) importantes no sistema econômico. E,
finalmente, a empresa: o elo de sustentação do Governo e da família. A empresa
oferta produtos e serviços para todo mundo, cria os salários que são a fonte de
subsistência da família e paga os impostos, única fonte de receita do Governo.
Daí, como o Governo gasta este recurso já é pauta para outro artigo.
Quando observamos esta lógica, entendemos de economia e
transformamos empresários de vilões a responsáveis pelo nosso desenvolvimento,
pela melhoria constante de renda das pessoas e pelo crescente e contínuo
crescimento da receita dos governos.
Bom, agora que vocês já entendem de economia, sabem a
importância das empresas em nossa vida e descobriram que o dinheiro nunca foi
tão barato no Brasil, parece tudo mais fácil.
No mundo dos negócios, dinheiro nunca foi o único responsável
pelo fechamento das empresas. O problema é a sua má utilização, além da falta
de conhecimento do negócio. Empresários que não têm um mínimo de educação
financeira para saber buscar o recurso correto - seja ele de investimento como
o citado neste artigo ou o recurso para seu fluxo de caixa do dia a dia - e que
não possuem o controle do seu negócio estão à mercê da sorte. Alguns sobrevivem
por anos assim, pois existem negócios que, por períodos limitados, são tão bons
de resultado que, mesmo sem controle, os empresários conseguem manter as portas
abertas. Mas acabam quebrando no decorrer do tempo. Para se ter um negócio
sadio, além de conhecer do seu business (que
é o padeiro saber fazer o pão, a costureira saber fazer a roupa), é necessário
aprender a lidar com dinheiro e ter um mínimo de controle. Saber quanto vende -
que na linguagem administrativa chamamos de faturamento - quanto paga de
imposto, qual o seu custo e qual o lucro do seu negócio é o primeiro passo para
uma organização sobreviver. Para isto, o empresário não está sozinho. Entidades
como Associação Comercial, Sebrae e o ISF Crédito Orientado ajudam o empresário
a trilhar este caminho com sucesso. Inauguramos mais este espaço para debater
estes temas que irão contribuir para a melhoria da gestão das finanças e dos
negócios. Oferecemos um espaço para tirar suas dúvidas por email e orientar as
empresas a implementar conceitos de gestão, garantindo sua permanência e seu
crescimento constante.
Leonardo Baldez Augusto
Economista – Consultor de
Investimento
Leonardo é delegado do
Conselho Regional de Economia (CORECON), presidente do ISF Crédito Orientado,
consultor de finanças e empresário – participa de várias entidades de classe,
entre elas, ACIUB, FIEMG, AMCHAM.
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